Escrever sobre o ato de escrever, não diria ser peculiar mas um bocado interessante, não acham ? Se algo é escrito sobre o ato que se fez no vazio preenchido por palavras, poderíamos dizer que usamos a língua para explicar a própria língua, mas se algo é escrito logo não se torna somente uma explicação e preenchimento do papel com palavras, se torna o preenchimento do papel com as sensações, sentimentos, a alma, daquele que escreveu a obra, agora já pronta. Mesmo que o escrito seja sobre a escrita não está imune de ter um bocado do autor em seu conteúdo. Não diria peculiar, mas um bocado interessante escrever sobre o ato de escrever, não acham ?
Por noites o ato de escrever vem me tirando o sono, vem me ocupando os dias, por horas e horas fico calada, sentada em lugar nenhum só pensando no ‘porque ?’. De todas as perguntas que podem ser feitas por um homem o ‘por quê ?’ foi sempre a que mais me interessou, seguida do ‘como ?’. Me pergunto, ‘por quê escrever ?’, ‘por que isso vem se tornando tão necessário para mim de uns tempos para cá’, ‘por que insistir em não deixar dentro de mim aquilo que está dentro de mim e querer dividir com o mundo ?’. São tantos porquês que já nem sei, aliás quem pergunta ‘porquê’ é porque justamente sabe de muito pouco, tem muitos ‘porquês’ e poucos ‘por isso’ dentro do individuo que pergunta ‘por que’, se pergunta por que’ para escutar ‘por isso’, ‘para isso’, ‘por aquilo’, ‘para aquilo’, para se ter explicações em meio a tantas perguntas. E por fim, Por que, sismo em compreender os ‘porquês’ da vida ? Os ‘porquês’ de achar que estou decaindo na qualidade do que escrevo, os ‘porquês’ de agir do jeito que ajo, os ‘porquês’, os tantos ‘porquês’ que me levam a escrever.
Engraçado, não querendo bater na mesma tecla, mas não conseguindo fugir do assunto que vêm me tomando os pensamentos, aquela crítica feita à qualidade dos textos que construo ter feito me mexer e começar a escrever cada vez mais. Acredito que seja porque o que mais temia era essa crítica, vinda de qualquer um, queria agradar a todos, escrever como Machado de Assis quando nem bagagem tinha para isso, nossa vida é nossa bagagem, vamos colecionando memórias, momentos, sensações, quando digo não ter bagagem quero dizer que pouco sabia da vida, quero chamar atenção para o tão pequenina era o tamanho da minha coleção de memórias, sensações, momentos, sabedoria... Agora compreendo que ter encarado meu maior temor tão cruel e friamente, tão na lata, tão na cara, me matou por momentos por dentro, mas momentos não duram para sempre, e por uma graça de Deus vive, sobrevive ao meu medo. E se a crítica já foi feita, se já enfrentei a crítica, para que temer ? Sei que vou sobreviver, que ela vai passar, que pode não ser a coisa mais agradável de ouvir, mas ‘menos por favor, não precisa de tanto, não carece se matar a cada criticazinha vinda de um alguém ou de um ninguém, a vida continua e bola para a frente que atrás vêm gente’. Eu me mato, eu me revivo, eu me seguro no mesmo lugar, parada, eu me impulsiono para frente e só eu sou capaz de fazer algo, ou deixar que algo aconteça comigo.
Escrever não é uma arte fácil, já venho dizendo muito isso, é uma missão árdua e uma cruz pesada a se levar. Por isso tanto fugia de escrever, ou talvez por uma questão de orgulho, queria provar a todos que sabia fazer outras coisas bem feitas. Mas ao ser colocada em dúvida, internamente e externamente, minha competência para carregar tal cruz resolvi provar a todos e, especialmente, a mim mesma que era capaz. Por fim, acho escrever um ato importante e se o ato é importante, importante também é pensar sobre ele, nas coisas que te levam a tal ou o que não te levam a tal. Nesses meus poucos anos de vida apreendi que uma folha em branco é muito além de um pedaço de papel, numa folha em branco você pode encontrar uma amiga, a melhor amiga que se pode ter, por isso escrever vale a pena, e após escrever você se sente mais leve, afinal de contas você acabou de tirar de dentro de si milhões de sensações e sentimentos mal resolvidos, e agora eles não são mais só seus, são de quem os lê.
Bato aqui minha aposta, depois de escrever vá se pesar, aposto que pelo menos uns dois quilos mais leve você estará, não há melhor regime senão escrever, é tiro e queda. Divida suas sensações com uma folha de papel, seus ‘porquês’ e suas certezas, conte sua vida, escreva, não deixe somente o mundo acrescentar coisas em você acrescente coisas no mundo. E se sinta leve a cada texto acabado.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Só para me explicar
" É preciso viver o sonho
e a certeza de que tudo vai mudar
É necessário abrir os olhos,
e perceber que as coisas boas estão dentro de nós,
onde os desejos não precisam de razão. "
e a certeza de que tudo vai mudar
É necessário abrir os olhos,
e perceber que as coisas boas estão dentro de nós,
onde os desejos não precisam de razão. "
Esperanças e Promessas
Gozado, passei o ano inteiro reclamando o quão injusta a vida tinha sido comigo, repetindo milhões de vezes 'esse é o pior ano da sua vida'. Realmente muito gozado, agora beirando o fim do dito cujo o veja como o melhor de minha vida.
Tem coisas que não compreendo, que me fogem do bom senso, tem coisas que considero somente sensíveis, aquelas feitas para se sentir não para se entender. Talvez essa minha odisséia, com o ano que se passou seja uma dessas coisas. Mas creio que ainda não mencionei, até então, a minha cisma em explicar o inexplicável, entender o inteligível, e deveras vezes comecei a hipotetizar sobre o fato.
Esse ano que se passou, pode não ter sido o mais fácil dos 16 que vi passar, pode por muitas vezes ter sido prolongado em sua dor e agonia por acabar, pode ter me possibilitado inúmeras vezes somente a necessidade de sobreviver e não a necessidade de viver. Mas em algo devo concordar, apesar de todos seus baixos, nesse ano que se passou pude experimentar coisas que jamais haverá experimentado. Sensações gostosas, que dão gostinho de quero mais na boca, e o riso bobo que não se sabe de onde vêm, só enfeitam seus lábios por enfeitar. Não aconselho a ninguém essa montanha russa de sensações boas e ruins que vive nesse ano, não é nenhum pouco saudável ficar tão feliz em um dia e estar tão triste em muitos outros, mas graças a essa montanha russa pude dar valor as coisas que realmente mereciam valor, graças a essa montanha russa pude aprender com erros que me vi cometendo e pensava jamais cometê-los.
Lógico que se pudesse viver 2008 novamente muitas coisas mudaria, muitas coisas faria diferente, mas se fosse de outro jeito não teria sido assim, e se não fosse assim, em muito teria perdido. Meus erros nesse ano fizeram deles únicos, me fizeram mais experiente para não cometê-los novamente. Creio que se o erro vêm para o bem é válido errar. Sempre me apeguei demais as imperfeições e muito repuguenei a perfeição, que sempre tão aflitamente persegui.
Meus erros e acertos durante o ano fizeram com que tivesse histórias para contar por uma vida inteira, e o que mais gosto de fazer é contar histórias. Gosto mesmo, mesmo que seja uma história sem pé nem cabeça, o ato de contar histórias, para mim é inesplicávelmente prazeroso. Meus erros e acertos fizeram de mim alguém mais preparada para os anos que viram. Por isso agradeço ao ano que se passou, agradeço não com saudades, mas com o fio da esperança nos lábios em anos melhores que virão, anos repletos de histórias, anos repletos de maravilhas, anos que serão cada qual único.
Algo aprendi, quando encaramos o mundo de uma forma positiva ele nos vêm de uma forma positiva, tudo fica mais leve, tudo fica mais gostoso. Isso que desejo a todos, um próspero 2009 e que todos possam aprender com os erros cometidos em 2008, que todos possam agradecer o ano que se passa e esperar esperançosamente o ano que chega.
Desejo a todos um 2009 maravilhoso, e que de verdade, nas maravilhas individuais possamos fazer um 2009, juntos, para todos maravilhoso. Afinal as mudanças que queremos fazer no mundo são mudanças positivas certo ? Não queremos levá-lo ao buraco, e agora é hora de começar a mudar, mude suas atitudes para mudar seu mundo. Acredito de verdade nisso, acredito no poder de mudança do ser-humano, assim como moldamos o mundo a nossas necessidades somos muito capazes de nós moldarmos as necessidades do mundo.
Tem coisas que não compreendo, que me fogem do bom senso, tem coisas que considero somente sensíveis, aquelas feitas para se sentir não para se entender. Talvez essa minha odisséia, com o ano que se passou seja uma dessas coisas. Mas creio que ainda não mencionei, até então, a minha cisma em explicar o inexplicável, entender o inteligível, e deveras vezes comecei a hipotetizar sobre o fato.
Esse ano que se passou, pode não ter sido o mais fácil dos 16 que vi passar, pode por muitas vezes ter sido prolongado em sua dor e agonia por acabar, pode ter me possibilitado inúmeras vezes somente a necessidade de sobreviver e não a necessidade de viver. Mas em algo devo concordar, apesar de todos seus baixos, nesse ano que se passou pude experimentar coisas que jamais haverá experimentado. Sensações gostosas, que dão gostinho de quero mais na boca, e o riso bobo que não se sabe de onde vêm, só enfeitam seus lábios por enfeitar. Não aconselho a ninguém essa montanha russa de sensações boas e ruins que vive nesse ano, não é nenhum pouco saudável ficar tão feliz em um dia e estar tão triste em muitos outros, mas graças a essa montanha russa pude dar valor as coisas que realmente mereciam valor, graças a essa montanha russa pude aprender com erros que me vi cometendo e pensava jamais cometê-los.
Lógico que se pudesse viver 2008 novamente muitas coisas mudaria, muitas coisas faria diferente, mas se fosse de outro jeito não teria sido assim, e se não fosse assim, em muito teria perdido. Meus erros nesse ano fizeram deles únicos, me fizeram mais experiente para não cometê-los novamente. Creio que se o erro vêm para o bem é válido errar. Sempre me apeguei demais as imperfeições e muito repuguenei a perfeição, que sempre tão aflitamente persegui.
Meus erros e acertos durante o ano fizeram com que tivesse histórias para contar por uma vida inteira, e o que mais gosto de fazer é contar histórias. Gosto mesmo, mesmo que seja uma história sem pé nem cabeça, o ato de contar histórias, para mim é inesplicávelmente prazeroso. Meus erros e acertos fizeram de mim alguém mais preparada para os anos que viram. Por isso agradeço ao ano que se passou, agradeço não com saudades, mas com o fio da esperança nos lábios em anos melhores que virão, anos repletos de histórias, anos repletos de maravilhas, anos que serão cada qual único.
Algo aprendi, quando encaramos o mundo de uma forma positiva ele nos vêm de uma forma positiva, tudo fica mais leve, tudo fica mais gostoso. Isso que desejo a todos, um próspero 2009 e que todos possam aprender com os erros cometidos em 2008, que todos possam agradecer o ano que se passa e esperar esperançosamente o ano que chega.
Desejo a todos um 2009 maravilhoso, e que de verdade, nas maravilhas individuais possamos fazer um 2009, juntos, para todos maravilhoso. Afinal as mudanças que queremos fazer no mundo são mudanças positivas certo ? Não queremos levá-lo ao buraco, e agora é hora de começar a mudar, mude suas atitudes para mudar seu mundo. Acredito de verdade nisso, acredito no poder de mudança do ser-humano, assim como moldamos o mundo a nossas necessidades somos muito capazes de nós moldarmos as necessidades do mundo.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Multi-Cor
Roxo, rosa, branco, amarelo, verde ... todo colorido. Que atire a primeira pedra aquele que nunca colocou na mtv, por engano ou mesmo propositalmente,se admirou, ou simplesmente, viu, um tapete e uma van, roxa, rosa, branca, amarela, verde ... toda colorida. Devo confessar que inúmeras vezes cometi tal delito, coloquei na mtv, mesmo que por engano, passando de pressa os canais e lá deixei. Eu me admiro com tantas cores juntas, e por deveras vezes só assisti tal programa por admirar imensamente o colorido. Tantas cores juntas me provocam risos internos, e meus risos internos me preenchem.
Quando pequena eu bem acordava cedinho, para ver o sol nascer. Me lembro de um dia, despertei era 3:30 da matina, fui na janela, me enrolei no cobertor e fiquei vendo o céu, escuro iluminado somente lá no fundo, ás luzes da cidade, que eu erroneamente acreditava ser o sol nascendo.Fiquei lá, imovel, e o céu foi mudando de cor, não preciso dizer que demorou umas duas horas para tal mudança acontecer, virando vermelho, laranja, vermelho alaranjado, rosa salmão, azul ... até que lá bem de longe o sol veio, amarelo muito forte, predominando no céu. O tal acontecimento fez de mim uma 'criança feliz', se assim posso dizer. Hoje, ao relembrar, faz de mim alguém admirada, não somente com o colorido do céu e com o sol que nascia em minha frente, mas com a paciência que eu tive e o tanto que quis aquele sol para mim. O que mais gosto de relembrar é da sensação, das coceguinhas, do frio, do cobertor de lã que pinicava minha pele e nariz e dos passos saltitantes que depois, dado por 'nascido' o sol eu dei a caminho da cozinha, peguei uma bolacha recheada de morango para comer e fui para a sala, coloquei na cultura e a programação ainda não tinha começado, era aquele monte de listras coloridas que eles colocam antes de dar início a programação. Fiquei lá vendo, por pouco tempo, as listras. Logo mudei de canal entediada, vi que nada passava e voltei para cama, ou fui incomodar a Tainá, não lembro.
Fiz algo parecido hoje quando a cólica me incomodou. Ter cólica é saber que não tem nada, que existe um vazio, mas querer que algo saia desse vazio e ter medo de que lá seja sempre vazio. A dor me vêem no vazio, sempre foi assim, vai ver é por isso que as cólicas tanto me doem. Eu particularmente quando me sinto incomodada pela dita cuja, tenho leves 'delírios', se assim posso chamá-los, para me distrair da dor. Cheguei em casa, tomei todo remédio que via na frente, coloquei uma meia, deixei meu corpo cair sobre a cama e as cobertas sobre ele. Peguei o controle, liguei a tv, admirei o tapete roxo, rosa, amarelo, de tantas cores. Pouco a pouco fui deixando as minhas retinas fecharem, pouco a pouco os tais 'delírios' foram aparecendo, e ao fundo ouvia frases do tipo "o que mais gosto no natal são os presentes" ou coisas piores ainda "eu não gosto do natal, porque minha prima queria namorar meu irmão e não conseguiu. ( virada para a câmera ao lado ) Pô, se você não conseguiu namorar ele a culpa não é minha ! ( volta o close para a câmera a frente ) a partir daí ela me odeia e eu odeio ela, e odeio qualquer época que possa encontrá-la, por isso odeio o natal".
Momento antes tinha assistido um desenho, onde havia uma cidade que não comemorava o natal, porque tinha um monstro que destruía as casas, em busca de um tesouro escondido nas chaminés. Um menininho esperava na janela o Papai Noel, quando a chaminé apagou e o mostro destruíu a lareira. No fim do desenho, depois de desmascarado o tal monstro, e encontrado o ouro. A cidade decide não condená-lo a prisão, nem a nenhuma outra pena, o menininho que contei acima, o abraça, tira do seu pescoço um cachecol e o enrola no pescoço do homem que se disfarçava de monstro. Esse por sua vez, resolve doar todo o dinheiro para a cidade e sai distribuindo o ouro. Natal é a época de dividir o ouro, de compartilhar os bens, e não digo de bens materiais digo de bens maiores, digo daquilo que todos temos dentro de nós, afeto, carinho, amor ... O natal é a época que passamos esses nossos bens a frente, presenteamos outros com nossos bens, e somos presenteados. O natal é época de troca, onde o foco está não no que se ganha, mas no que se dá, no quão feliz alguém ficará de receber tal bem.
Por fim, momentos antes do natal é impossível não falar dele. E de tudo que devaneie o mais importante a ser dito é aquilo que não se pode dizer, é aquilo que espero fazer e espero que todas façam, mesmo quem não comemora o natal porque acha uma data hipócrita, servindo apenas para fortalecer o capitalismo e a falsidade, a desigualdade. Reavalie o jeito que você comemora o natal, e você que não comemora, comemore ! Não por ser o nascimento de Cristo, comemore como um dia destinado a se fazer o bem, doe seu afeto, seu carinho, seu amor, a qualquer um, a um desconhecido, ou para quem sempre o doou para você, acredito que esse é o verdadeiro sentido do natal, a comunhão dos bens que esquecemos que temos inúmeras vezes.
Não acredito que Jesus seja o salvador da humanidade, mas acredito, profundamente, que na véspera de seu nascimento nós podemos ser os salvadores da humanidade. Salvadores dos dias um dos outros. O colorido do tapete que provoca coceguinhas, o despertar do sol, preencher de risos não somente o nosso natal mas todos. Por isso ao dar por finito essa postagem, que tanto tardou a sair, digo com toda a esperança que se pode ter: 'Feliz Natal.'
Quando pequena eu bem acordava cedinho, para ver o sol nascer. Me lembro de um dia, despertei era 3:30 da matina, fui na janela, me enrolei no cobertor e fiquei vendo o céu, escuro iluminado somente lá no fundo, ás luzes da cidade, que eu erroneamente acreditava ser o sol nascendo.Fiquei lá, imovel, e o céu foi mudando de cor, não preciso dizer que demorou umas duas horas para tal mudança acontecer, virando vermelho, laranja, vermelho alaranjado, rosa salmão, azul ... até que lá bem de longe o sol veio, amarelo muito forte, predominando no céu. O tal acontecimento fez de mim uma 'criança feliz', se assim posso dizer. Hoje, ao relembrar, faz de mim alguém admirada, não somente com o colorido do céu e com o sol que nascia em minha frente, mas com a paciência que eu tive e o tanto que quis aquele sol para mim. O que mais gosto de relembrar é da sensação, das coceguinhas, do frio, do cobertor de lã que pinicava minha pele e nariz e dos passos saltitantes que depois, dado por 'nascido' o sol eu dei a caminho da cozinha, peguei uma bolacha recheada de morango para comer e fui para a sala, coloquei na cultura e a programação ainda não tinha começado, era aquele monte de listras coloridas que eles colocam antes de dar início a programação. Fiquei lá vendo, por pouco tempo, as listras. Logo mudei de canal entediada, vi que nada passava e voltei para cama, ou fui incomodar a Tainá, não lembro.
Fiz algo parecido hoje quando a cólica me incomodou. Ter cólica é saber que não tem nada, que existe um vazio, mas querer que algo saia desse vazio e ter medo de que lá seja sempre vazio. A dor me vêem no vazio, sempre foi assim, vai ver é por isso que as cólicas tanto me doem. Eu particularmente quando me sinto incomodada pela dita cuja, tenho leves 'delírios', se assim posso chamá-los, para me distrair da dor. Cheguei em casa, tomei todo remédio que via na frente, coloquei uma meia, deixei meu corpo cair sobre a cama e as cobertas sobre ele. Peguei o controle, liguei a tv, admirei o tapete roxo, rosa, amarelo, de tantas cores. Pouco a pouco fui deixando as minhas retinas fecharem, pouco a pouco os tais 'delírios' foram aparecendo, e ao fundo ouvia frases do tipo "o que mais gosto no natal são os presentes" ou coisas piores ainda "eu não gosto do natal, porque minha prima queria namorar meu irmão e não conseguiu. ( virada para a câmera ao lado ) Pô, se você não conseguiu namorar ele a culpa não é minha ! ( volta o close para a câmera a frente ) a partir daí ela me odeia e eu odeio ela, e odeio qualquer época que possa encontrá-la, por isso odeio o natal".
Momento antes tinha assistido um desenho, onde havia uma cidade que não comemorava o natal, porque tinha um monstro que destruía as casas, em busca de um tesouro escondido nas chaminés. Um menininho esperava na janela o Papai Noel, quando a chaminé apagou e o mostro destruíu a lareira. No fim do desenho, depois de desmascarado o tal monstro, e encontrado o ouro. A cidade decide não condená-lo a prisão, nem a nenhuma outra pena, o menininho que contei acima, o abraça, tira do seu pescoço um cachecol e o enrola no pescoço do homem que se disfarçava de monstro. Esse por sua vez, resolve doar todo o dinheiro para a cidade e sai distribuindo o ouro. Natal é a época de dividir o ouro, de compartilhar os bens, e não digo de bens materiais digo de bens maiores, digo daquilo que todos temos dentro de nós, afeto, carinho, amor ... O natal é a época que passamos esses nossos bens a frente, presenteamos outros com nossos bens, e somos presenteados. O natal é época de troca, onde o foco está não no que se ganha, mas no que se dá, no quão feliz alguém ficará de receber tal bem.
Por fim, momentos antes do natal é impossível não falar dele. E de tudo que devaneie o mais importante a ser dito é aquilo que não se pode dizer, é aquilo que espero fazer e espero que todas façam, mesmo quem não comemora o natal porque acha uma data hipócrita, servindo apenas para fortalecer o capitalismo e a falsidade, a desigualdade. Reavalie o jeito que você comemora o natal, e você que não comemora, comemore ! Não por ser o nascimento de Cristo, comemore como um dia destinado a se fazer o bem, doe seu afeto, seu carinho, seu amor, a qualquer um, a um desconhecido, ou para quem sempre o doou para você, acredito que esse é o verdadeiro sentido do natal, a comunhão dos bens que esquecemos que temos inúmeras vezes.
Não acredito que Jesus seja o salvador da humanidade, mas acredito, profundamente, que na véspera de seu nascimento nós podemos ser os salvadores da humanidade. Salvadores dos dias um dos outros. O colorido do tapete que provoca coceguinhas, o despertar do sol, preencher de risos não somente o nosso natal mas todos. Por isso ao dar por finito essa postagem, que tanto tardou a sair, digo com toda a esperança que se pode ter: 'Feliz Natal.'
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Só para me explicar.
" O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente. "
Fernando pessoa.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente. "
Fernando pessoa.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Espirro
Tão simples escrever.
Escrever, uma palavra, um verbo, três sílabas... Há coisa nesse mundo mais simples ? Creio que, só o verbo cair.
Mas que seja, eu gosto de verbos, gosto um bom bocado deles. O que não me adapto direito são os adjetivos. Desses não gosto, 'necas de pitiberecas', como diria minha vó. Dela gosto, gosto dela e de seus 'ditados', tão engraçadinhos, daqueles tipo que provocam coceguinhas na barriga ao escutar. Pois minha vó sempre foi assim, tudo nela provocava 'coceguinhas' e ela sempre, pelo menos no pouco tempo que me conheço por gente, provocou a mesma 'coceguinha', que o mundo provocava nela, no próprio mundo.
Apesar de eu gostar um bom bocado dela, o tanto que gosto dos verbos e detesto os adjetivos, em muito pouco nos assemelhamos. Quando eu era bem pequena e tinha cara de joelho, minha mãe me levou para a casa de minha vó. Eu tinha acabado de nascer e seria a primeira vez que ela ia colocar os olhos na neta, mas ao me ver, ver por ela mesma que eu tinha nascido, ela ficou estressada a um ponto de adoecer e não poder mais me ver por um bom tempo. E juro que não quebrei nada, nem nada demais fiz, eu nem era um bebê que chorava, eu só era a primeira filha da única filha que ela teve ... Apartir daí tudo passou a me doer.
Devo confessar que não sei, de verdade, se foi apartir do incidente na casa da minha vó que passei a ser tão 'sensível as dores'. Sei que, quando percebi que era alguém, percebi também, o como sentia dor, e fazia uma tempestade em copo d'água. Eu sempre fui exagerada, daquele tipo que nunca nada está bom, mas que sempre pode piorar, se é que vocês entendem o que estou falando. E essa é a principal diferença entre mim e minha vó, se tudo nela provoca 'coceguinhas' em mim são poucas essas coisas, não que seja alguém infeliz, por Deus, somente não encaro o mundo do mesmo jeito que ela. Talvez minha 'zona de conforto', minha 'falsa felicidade' esteja justamente em minha dor, uma espécie de masoquismo, talvez.
Agora chego ao ponto de que não posso mais encher a boneca de camomila, e está na hora de amarrá-la, dar fim a costura, ao trabalho e deixar para que outros avaliem e recebam 'coceguinhas' ao avaliar. Pois bem, minha dor me trouxe aqui, minha dor me ensinou a escrever e parte de minha dor vem do que escrevo. Não sei quando, mas quando batia no joelho de gente qualquer, alguém me disse 'você escreve bem', desde então me dediquei quase por completo a escrita, tendo em mente a competência que tinha para tal, e como mais competente queria ser no ato de escrever. E nunca ninguém me disse 'você escreve mal', ou 'você ainda não sabe escrever'. Eram só elogios, nessa época ainda gostava dos adjetivos. Até que a uma semana atrás, minha professora de português disse a seguinte frase 'você ainda não escreve bem'. Caramba como aquilo me doeu, me doeu a beça, eu já sou de me doer por nada, imagine com um motivo tão claro ? Matei-me por dentro, e não achei melhor definição que essa, me matei e matei tudo que conhecia, me desconheci.
Apartir daí, passei a não gostar de adjetivos, e por mais que escrever me dooa, ainda gosto dos verbos, pois com a dor trazida pelos verbos vem nela também uma alegria, um certo prazer. Eu gosto disso. Devo confessar, que ao receber a, tão dolorosa, crítica que me rendeu esse blog, minha primeira intenção foi de largar a caneta, meter as cobertas sobre minha cabeça, de lá não sair nunca mais, repetir inúmeras vezes para mim mesma 'nem para isso você prestar' e tentar me afogar em minhas lágrimas grandes e gordas, como um dia fez Alice. Mas o prazer na dor que escrever me causa é muito grande para ser jogado ao leo, por uma simples crítica, de alguém, seja lá quem esse alguém for.
E aqui largo o teclado, aperto o power, me riu por dentro, desejando fazer 'coceguinhas' em quem quer que esteja lendo esse desabafo. Por isso o nomeiei de 'espirro'. Um monte de palavras jogadas na tela, mas não palavras qualqueres, não palavras em vão. Toda palavra tem sua dor e sua alegria, toda palavra tem seu prazer e seu desconforto, cada palavra é única, por isso devem ser tratadas como tais.
Largo o teclado, aperto o power, me riu por dentro e vou meter as cobertas sobre minha cabeça, mas com a promessa de que amanhã voltarei, mesmo que seja para ninguém ler.
Escrever, uma palavra, um verbo, três sílabas... Há coisa nesse mundo mais simples ? Creio que, só o verbo cair.
Mas que seja, eu gosto de verbos, gosto um bom bocado deles. O que não me adapto direito são os adjetivos. Desses não gosto, 'necas de pitiberecas', como diria minha vó. Dela gosto, gosto dela e de seus 'ditados', tão engraçadinhos, daqueles tipo que provocam coceguinhas na barriga ao escutar. Pois minha vó sempre foi assim, tudo nela provocava 'coceguinhas' e ela sempre, pelo menos no pouco tempo que me conheço por gente, provocou a mesma 'coceguinha', que o mundo provocava nela, no próprio mundo.
Apesar de eu gostar um bom bocado dela, o tanto que gosto dos verbos e detesto os adjetivos, em muito pouco nos assemelhamos. Quando eu era bem pequena e tinha cara de joelho, minha mãe me levou para a casa de minha vó. Eu tinha acabado de nascer e seria a primeira vez que ela ia colocar os olhos na neta, mas ao me ver, ver por ela mesma que eu tinha nascido, ela ficou estressada a um ponto de adoecer e não poder mais me ver por um bom tempo. E juro que não quebrei nada, nem nada demais fiz, eu nem era um bebê que chorava, eu só era a primeira filha da única filha que ela teve ... Apartir daí tudo passou a me doer.
Devo confessar que não sei, de verdade, se foi apartir do incidente na casa da minha vó que passei a ser tão 'sensível as dores'. Sei que, quando percebi que era alguém, percebi também, o como sentia dor, e fazia uma tempestade em copo d'água. Eu sempre fui exagerada, daquele tipo que nunca nada está bom, mas que sempre pode piorar, se é que vocês entendem o que estou falando. E essa é a principal diferença entre mim e minha vó, se tudo nela provoca 'coceguinhas' em mim são poucas essas coisas, não que seja alguém infeliz, por Deus, somente não encaro o mundo do mesmo jeito que ela. Talvez minha 'zona de conforto', minha 'falsa felicidade' esteja justamente em minha dor, uma espécie de masoquismo, talvez.
Agora chego ao ponto de que não posso mais encher a boneca de camomila, e está na hora de amarrá-la, dar fim a costura, ao trabalho e deixar para que outros avaliem e recebam 'coceguinhas' ao avaliar. Pois bem, minha dor me trouxe aqui, minha dor me ensinou a escrever e parte de minha dor vem do que escrevo. Não sei quando, mas quando batia no joelho de gente qualquer, alguém me disse 'você escreve bem', desde então me dediquei quase por completo a escrita, tendo em mente a competência que tinha para tal, e como mais competente queria ser no ato de escrever. E nunca ninguém me disse 'você escreve mal', ou 'você ainda não sabe escrever'. Eram só elogios, nessa época ainda gostava dos adjetivos. Até que a uma semana atrás, minha professora de português disse a seguinte frase 'você ainda não escreve bem'. Caramba como aquilo me doeu, me doeu a beça, eu já sou de me doer por nada, imagine com um motivo tão claro ? Matei-me por dentro, e não achei melhor definição que essa, me matei e matei tudo que conhecia, me desconheci.
Apartir daí, passei a não gostar de adjetivos, e por mais que escrever me dooa, ainda gosto dos verbos, pois com a dor trazida pelos verbos vem nela também uma alegria, um certo prazer. Eu gosto disso. Devo confessar, que ao receber a, tão dolorosa, crítica que me rendeu esse blog, minha primeira intenção foi de largar a caneta, meter as cobertas sobre minha cabeça, de lá não sair nunca mais, repetir inúmeras vezes para mim mesma 'nem para isso você prestar' e tentar me afogar em minhas lágrimas grandes e gordas, como um dia fez Alice. Mas o prazer na dor que escrever me causa é muito grande para ser jogado ao leo, por uma simples crítica, de alguém, seja lá quem esse alguém for.
E aqui largo o teclado, aperto o power, me riu por dentro, desejando fazer 'coceguinhas' em quem quer que esteja lendo esse desabafo. Por isso o nomeiei de 'espirro'. Um monte de palavras jogadas na tela, mas não palavras qualqueres, não palavras em vão. Toda palavra tem sua dor e sua alegria, toda palavra tem seu prazer e seu desconforto, cada palavra é única, por isso devem ser tratadas como tais.
Largo o teclado, aperto o power, me riu por dentro e vou meter as cobertas sobre minha cabeça, mas com a promessa de que amanhã voltarei, mesmo que seja para ninguém ler.
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