terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Metalinguistico

Escrever sobre o ato de escrever, não diria ser peculiar mas um bocado interessante, não acham ? Se algo é escrito sobre o ato que se fez no vazio preenchido por palavras, poderíamos dizer que usamos a língua para explicar a própria língua, mas se algo é escrito logo não se torna somente uma explicação e preenchimento do papel com palavras, se torna o preenchimento do papel com as sensações, sentimentos, a alma, daquele que escreveu a obra, agora já pronta. Mesmo que o escrito seja sobre a escrita não está imune de ter um bocado do autor em seu conteúdo. Não diria peculiar, mas um bocado interessante escrever sobre o ato de escrever, não acham ?

Por noites o ato de escrever vem me tirando o sono, vem me ocupando os dias, por horas e horas fico calada, sentada em lugar nenhum só pensando no ‘porque ?’. De todas as perguntas que podem ser feitas por um homem o ‘por quê ?’ foi sempre a que mais me interessou, seguida do ‘como ?’. Me pergunto, ‘por quê escrever ?’, ‘por que isso vem se tornando tão necessário para mim de uns tempos para cá’, ‘por que insistir em não deixar dentro de mim aquilo que está dentro de mim e querer dividir com o mundo ?’. São tantos porquês que já nem sei, aliás quem pergunta ‘porquê’ é porque justamente sabe de muito pouco, tem muitos ‘porquês’ e poucos ‘por isso’ dentro do individuo que pergunta ‘por que’, se pergunta por que’ para escutar ‘por isso’, ‘para isso’, ‘por aquilo’, ‘para aquilo’, para se ter explicações em meio a tantas perguntas. E por fim, Por que, sismo em compreender os ‘porquês’ da vida ? Os ‘porquês’ de achar que estou decaindo na qualidade do que escrevo, os ‘porquês’ de agir do jeito que ajo, os ‘porquês’, os tantos ‘porquês’ que me levam a escrever.

Engraçado, não querendo bater na mesma tecla, mas não conseguindo fugir do assunto que vêm me tomando os pensamentos, aquela crítica feita à qualidade dos textos que construo ter feito me mexer e começar a escrever cada vez mais. Acredito que seja porque o que mais temia era essa crítica, vinda de qualquer um, queria agradar a todos, escrever como Machado de Assis quando nem bagagem tinha para isso, nossa vida é nossa bagagem, vamos colecionando memórias, momentos, sensações, quando digo não ter bagagem quero dizer que pouco sabia da vida, quero chamar atenção para o tão pequenina era o tamanho da minha coleção de memórias, sensações, momentos, sabedoria... Agora compreendo que ter encarado meu maior temor tão cruel e friamente, tão na lata, tão na cara, me matou por momentos por dentro, mas momentos não duram para sempre, e por uma graça de Deus vive, sobrevive ao meu medo. E se a crítica já foi feita, se já enfrentei a crítica, para que temer ? Sei que vou sobreviver, que ela vai passar, que pode não ser a coisa mais agradável de ouvir, mas ‘menos por favor, não precisa de tanto, não carece se matar a cada criticazinha vinda de um alguém ou de um ninguém, a vida continua e bola para a frente que atrás vêm gente’. Eu me mato, eu me revivo, eu me seguro no mesmo lugar, parada, eu me impulsiono para frente e só eu sou capaz de fazer algo, ou deixar que algo aconteça comigo.

Escrever não é uma arte fácil, já venho dizendo muito isso, é uma missão árdua e uma cruz pesada a se levar. Por isso tanto fugia de escrever, ou talvez por uma questão de orgulho, queria provar a todos que sabia fazer outras coisas bem feitas. Mas ao ser colocada em dúvida, internamente e externamente, minha competência para carregar tal cruz resolvi provar a todos e, especialmente, a mim mesma que era capaz. Por fim, acho escrever um ato importante e se o ato é importante, importante também é pensar sobre ele, nas coisas que te levam a tal ou o que não te levam a tal. Nesses meus poucos anos de vida apreendi que uma folha em branco é muito além de um pedaço de papel, numa folha em branco você pode encontrar uma amiga, a melhor amiga que se pode ter, por isso escrever vale a pena, e após escrever você se sente mais leve, afinal de contas você acabou de tirar de dentro de si milhões de sensações e sentimentos mal resolvidos, e agora eles não são mais só seus, são de quem os lê.

Bato aqui minha aposta, depois de escrever vá se pesar, aposto que pelo menos uns dois quilos mais leve você estará, não há melhor regime senão escrever, é tiro e queda. Divida suas sensações com uma folha de papel, seus ‘porquês’ e suas certezas, conte sua vida, escreva, não deixe somente o mundo acrescentar coisas em você acrescente coisas no mundo. E se sinta leve a cada texto acabado.

Um comentário:

Marilynsano disse...

Nhooooooooooooooooo que linda *-*

Realmente, escrecer eh muitissimo bom!!

nada mais rejuvenecedor no mundo..

voc se sente mais vivo, e sabe que alguem um dia vai ler aquilo e lembrar de voc..

e isso da um sentido a mais na vida... e eu gosto disso, eh bom ter tantos motivos para viver quanto possivel..

Rairá, falando serio, voc eh um de meus motivos.. amo todos voces ai ta bom.. nunca duvidem disso ;)